“Thaís Oliveira teria hoje 15 anos. Era diarista. Ela namorou Fábio desde os 13. E é claro, descobriram a vida sexual juntos. Ela, por ser filha de pais evangélicos, não tinha a mínima abertura para falar sobre sexo. Tudo que aprendeu foi com seu namorado, com as amigas e, quando conseguia vencer a barreira da timidez, perguntava algo para a professora. O casal realmente se amava, eram do tipo que com certeza teriam uma relação duradoura. Por falta de informação, Fábio não sabia colocar a camisinha direito. Até que um dia, aconteceu. O preservativo estourou e, por culpa do tesão, só foram perceber o ocorrido no final da relação sexual. Em uma tarde de dezembro, em pleno período de férias escolares, Thaís ficou grávida.
É claro que não tinham condição alguma de cuidar do bebê. O rapaz, que por sinal era um ano mais velho que ela, aceitou a situação. Bateu no peito e disse que iria trabalhar para pagar os cuidados básicos da criança que estaria por vir. Mas para a adolescente isso não era o suficiente. Logo a barriga cresceu, as amigas da escola fizeram piadas e, o pior, os pais evangélicos. Esses sim eram os reais problemas da garota. Ela então tomou a decisão: pediu R$ 500 reais emprestado para a sua patroa, alegando que a mãe estava doente. Assim que conseguiu o dinheiro, foi para uma clínica de aborto clandestino, localizada em Pinheiros. Entrou, aguardou sua vez e, quando entrou, o “médico”, pediu para a adolescente vestir o avental. Ela deitou na maca e em posição ginecológica, recebeu a anestesia. E nunca mais acordou. Morreu em decorrência de uma hemorragia causada por perfuração no útero”.
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“Marcelo era um garotão esperto, com 17 anos. Era o rei das ruas e era o líder entre a molecada que, além de dormir, passava os dias cheirando cola e assaltando pedestres perto do Vale do Anhangabaú. A mãe de Marcelo é a Edna, que tem hoje 35 anos. A vida de ambos poderia ser diferente. Por volta dos 18, Edna foi estuprada pelo próprio pai. Ao contar para a sua mãe, a vó de Marcelo, Edna recebeu uma salva de tapas na cara e foi acusada de mentirosa. Edna juntou suas roupas e foi morar na casa de uma amiga. Por vergonha, não fez B.O. e dizia para os outros que estava grávida de um namorado. Escondendo a gravidez, conseguiu um emprego de telemarketing. Trabalhou até os 6 meses de gestação e, por não ter registro em carteira, foi demitida. Deu à luz no corredor de uma maternidade pública e, quando voltou para a casa da amiga, não conseguiu ficar mais do que 5 meses por lá, pois as despesas eram muitas. Com dor no coração, deixou o filho na porta da igreja do bairro e voltou pra casa da mãe. Marcelo foi da igreja para o orfanato, de onde fugiu aos 10 anos. Desde então vivia na rua e era feliz. Ontem saiu no jornal que Marcelo foi baleado e morto, em uma tentativa de assalto. Edna ainda não sabe do fim de seu filho indesejado”.
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No Brasil, o aborto é uma das principais causas de mortalidade materna, ficando atrás somente de hipertensão arterial, hemorragia e infecção. O principal motivo para uma mulher optar pelo aborto é a gravidez não desejada ou não planejada. Por ser crime previsto em lei – de acordo com o artigo 124 do código penal: provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos – as clínicas clandestinas de aborto se tornaram hoje um negócio lucrativo. Anualmente, aproximadamente 1 milhão de mulheres brasileiras fazem uso deste tipo de clínica.
Segundo a igreja católica, instituição que condena a prática abortiva, a vida começa no momento em que o óvulo começa a ser fecundado. Baseado nessa ideologia, em 1998, padres e cardeais pressionaram a família de uma menina, que tinha sido vítima de estupro, para impedir a realização do aborto. Chegaram a chamar publicamente a garota de assassina.
E é por essas e outras que o tema aborto é tratado com tamanho tabú pela sociedade. Aonde eu quero chegar com esses dados? É que proibido ou não pela lei, aprovado ou não pela igreja católica, as mulheres continuam a fazer o aborto. É claro que o número caiu bastante desde a década de 80, onde anualmente 4 milhões de mulheres faziam a prática no Brasil. Essa queda deve-se distribuição da famosa “pílula do dia seguinte”, feita pelo governo federal desde 2002. E, independente ou não de ser crime, sabe-se que hoje em dia, cada vez mais médicos escolhem ajudar as pacientes que estão realmente decididas a interromper uma gravidez indesejada. E eles fazem isso pelo simples fato de reduzir os danos causados de um aborto mal feito.
É claro que há diversos métodos contraceptivos e a gravidez indesejada pode realmente ser evitada. Mas pera lá: uma camisinha pode estourar, como aconteceu com a Thaís (caso relatado acima), por exemplo. Sou um ferrenho defensor da descriminalização do aborto e luto para que as mulheres tenham o direito de fazerem o que bem entendam com o próprio corpo. Gerar uma vida é complicado para uma garota que não está preparada física e psicologicamente.E esse problema acarreta vários outros. Por exemplo: se a garota resolver fazer o aborto em uma clínica ilegal, corre risco de morrer. E se ela não fizer o aborto, o que será dessa criança? Ela tem pelo menos 50% de chance de não ser amada, como o caso do Marcelo, que também relatei acima.
É claro também que não deve-se sair por aí fazendo aborto a torto e a direito. Os dados mostram que estamos no caminho certo e que o número de mulheres que abortam, caiu abruptamente. Só o fato dos postos de saúde distribuírem preservativos e pílulas do dia seguinte, já é um bom começo. Mas sabe qual é o ponto chave para o aborto ser descriminalizado? Educação sexual nas escolas. Desde a primeira série. Ensinar todo o processo, passo a passo, ao decorrer da evolução da criança. Como um feto é gerado, o porque ele é gerado, quais os métodos de prevenção de gravidez e doenças sexualmente transmissiveis e até o que uma gravidez indesejada pode acarretar, na vida da mãe e do filho. Talvez se houvesse esse tipo de orientação nas escolas, daqui uns 10 anos o aborto seria descriminalizado.
Abaixo, segue um mapa informando em quais regiões do mundo o aborto é permitido. Reparem que, quanto mais pobre é a região, mais leis impedem tal ato.
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Notas do autor: As duas histórias relatadas no início do texto são fictícias.
Todos os dados usados para compor o texto foram tirados do site do Ministério da Saúde e de reportagens das revistas Veja e Época.
Desejo de coração a todas as mulheres que tenham seus filhos na hora e no momento certo, para fazer o lance de ser mãe um marco na vida.
O corpo é o templo da alma que deus todo poderoso nos concedeu quando acordamos na nossa sagrada existência
O aborto deve ser opção de quem quer faze-lo…pois é uma decisão que só cabe a mulher grávida, desde que seja maior de idade, não sou a favor disso, porém sou a favor do direito
A sociedade hipócrita…adora julgar os problemas dos outros
Se bem que…no caso de algumas mulheres…elas deviam pensar bem antes de abrirem as pernas
Minha fala é vulgar ou realista?Cada um com os seus problemas
Grato!
Tá certo. Cada um que cuide da própria vida.
Sou pai…amo meu filho
Mas se a situação fosse outra…nunca concordaria se alguma namorada grávida de mim quisesse abortar…mesmo sendo de terceira qualidade…o importante seria a criança…não sou mulher mas eu teria a manha de pegar até pra mim criar…estilo Ronnie Von…cada cabeça uma sentença
É um problema de ordem individual, mas também de saúde pública. Não dá para vulgarizar a prática. Mas sua liberação é essencial para evitar miséria, morte e um futuro triste para o nosso país. Tudo feito com bom senso e sem o intermédio da igreja católica (afinal, somos um país laico) resulta em decisões bem acertadas.
Nossa jordinho…
Repetitivo isso, mas vc sabe msm como escrever!
Eu, como mãe de uma garota linda, não me arrependo de nada, embora tenha pensado sim na possibilidade de uma aborto. Eu tinha 16 anos, sozinha e com toda a imaturidade e onipotencia do adolescente!
Tem sim q ser discutido desde cedo o tema “sexualidade”, pois me pego pensando q se tivesse mais informação não aconteceria…
Agora, sou totalmente contra o aborto indiscriminado, e acredito piamente num controle de natalidade onde familias de baixa renda possam ser acompanhadas pelo governo e esterilizadas para q tenham tempo e carinho para com os seus já em vida. E que o governo pare de hipocrisia, pois para uma mulher participar do programa de planejamento familiar do governo tem q estar casada e, no minimo, com dois filhos de sexos diferentes!!! Absurdo, uma vez q essa NÃO é nossa realidade!
E, enquanto isso, no lustre do castelo, o Brasil é um pais católico e moralista, com o carnaval mais despido do mundo, turismo sexual com nossas crianças sem escola, educação, e, principalmente, sem informação!
Da-lhe eleições 2010!!!!
=)
Você é genial, Carlotinha. Por isso que é minha grande amiga.
Bom.. sou mãe. Engravidei aos 18 anos, de um namorado que eu estava há 6 meses.. e jamais pensei em aborto, porém tive sempre muito apoio da minha família e de todos ao meu redor, uma situação não muito frequente entre grávidas adolescentes.
Sou a ‘favor’ do aborto em casos de estupro sim, pois ngm é capaz de imaginar a dor de gerar um filho nessas condições psicológicas, mas hoje em dia é distribuído de graça pílula do dia seguinte, camisinha, anticoncepcional.. muito difícil alguém não ter acesso a nada disso, portanto quase todos os casos acabam sendo pura irresponsabilidade e não acho certo um bebê pagar por isso. Existem muitos pais que não podem gerar um filho e optam por adotar, dando à criança uma vida plena e feliz.
Minha opinião não é totalmente racional, porque como mãe não vejo esse tema com os mesmos olhos.. mas essa é a minha opinião. Fazer é fácil.. mas assumir tal responsabilidade é muito difícil e exige demais, mas é um preço a se pagar.
Concordo plenamente com Educação Sexual nas escolas, dentro de casa.. temos que usar de todos os meios possíveis para evitar.
Mas sobre a legalização do aborto, hoje em dia ainda acho que não seria apropriado, viraria uma putaria, mas daqui uns anos, quem sabe..
Nossa.. olha meu relato né.. ahahahahahah
Bjo gordooo, como sempre ótimo texto.
Vivi, obrigado pelo depoimento. As opiniões diferem em alguns pontos, se acertam em outros e tamo aê. Nada como ser mãe pra saber realmente qualé que é a parada. 😀
Curti o emotion…assumo
Gustavo Godinho em momento Globo Repórter!
Antes ser Globo Repórter, do que Kiss FM.
vivis já que vocẽ citou pílula do dia seguinte, camisinha, anticoncepcional… pq vc foi burra e não usou um destes métodos?
dúvido muito que alguém queira ser mãe aos 18
Larissa, querida..
eu havia parado de tomar o anticoncepcional para trocar de remédio, como vc bem deve saber deve haver uma pausa de 3 meses e eu estava no segundo mês.. não percebemos que a camisinha havia estourado pois haviam resíduos nela quando tiramos e eu só descobri a gravidez com 8 semanas, por isso não usufrui da pílula do dia seguinte também. Respondido? Arquei com meus atos, certo?
Não foi uma gravidez planejada, mas foi a melhor coisa q me aconteceu! Sou muito feliz.. ao contrário de vc, beijos.
Comentário respondido pela Vivi, não que isso seja da conta da Larissa ou de qualquer outra pessoa, né? A partir de agora, os comentários ofensivos serão bloqueados. Por que? Porque a intenção do post não é ofender ninguém e sim debater uma questão que é realidade do país.
Ok? Bjs.
Pra vcs meninas
(Vitão)Não…eu só respondo perguntas…(corte)
(Rafael)Aqui quem fala é poeta tentarei fazer uma entrevista embora não seja jornalista e nem pretenda voltar ao curso
Quem assistiu ao dvd entendeu…e vcs meninas calma…tem gibi usado e biscoito sem recheio pra todo mundo
Brigando por besteira…pazes…boa noite…
Izi, mano. Acuma?